sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

EDIÇÃO N. 162: DIREITO DO CONSUMIDOR - VI

 1) É suficiente para a aplicação da teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica (art. 28, § 5º, do CDC) a existência de obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Informativo TST 228

 Arguição de inconstitucionalidade. Art. 896-A, § 5°, da CLT. Dispositivo que disciplina a

irrecorribilidade da decisão monocrática que denega seguimento ao agravo de instrumento em

recurso de revista por ausência de transcendência. Declaração de inconstitucionalidade.

Violação dos princípios da colegialidade, da segurança jurídica, do devido processo legal, da

isonomia e da proteção da confiança. Impedimento de exame da matéria objeto do apelo pelo

STF. Incongruência dos procedimentos adotados pela lei no julgamento de recursos de revista e

agravos de instrumento. Não razoabilidade da interpretação literal. Possibilidade de interposição

de agravo interno, no caso concreto.

É inconstitucional o § 5º do art. 896-A da CLT, que dispõe ser “irrecorrível a decisão monocrática

do relator que, em agravo de instrumento em recurso de revista, considerar ausente a

transcendência da matéria”, admitindo-se, no caso concreto, a interposição de agravo interno

contra a decisão monocrática do relator que denegou seguimento ao agravo de instrumento em

recurso de revista, por ausência de transcendência da causa. Na espécie, declarou-se a

inconstitucionalidade do referido dispositivo, por considerar que ele viola os princípios da

colegialidade, da segurança jurídica, do devido processo legal, da isonomia e da proteção da

confiança. Além disso, destacou-se que a interpretação literal do art. 896-A, § 5o, da CLT mostra-se

desarrazoada, visto que a atribuição de um caráter definitivo e terminativo à decisão unipessoal do

relator, além de impedir uma análise futura da matéria controvertida pelo Supremo, de ser contrário

à jurisprudência do STJ e do STF e de revelar uma incongruência entre os procedimentos adotados

para análise da transcendência em sede de recursos de revistas e de agravos de instrumento – já que

em relação à decisão unipessoal do relator proferida em sede de recurso de revista cabe impugnação

via interposição de agravo interno –, acabaria inserindo obstáculos ao exercício da competência

legal reservada às Turmas do TST e até dificultaria a fixação de precedentes pela própria Corte

Especializada, ante a ausência de fixação de parâmetros objetivos para o reconhecimento da

transcendência e a atribuição de elevado grau de subjetividade por cada relator. Sob esse

entendimento, decidiu o Tribunal Pleno, por maioria, acolher o incidente de arguição de

inconstitucionalidade do artigo 896-A, § 5º, da CLT, suscitado pela 7ª Turma, admitindo, no caso

concreto, a interposição de agravo interno contra a decisão unipessoal do relator, que negou

provimento ao agravo de instrumento em recurso de revista, por ausência de transcendência da

causa; e comunicar o teor da decisão à Comissão de Regimento Interno do TST, a fim de que adote

providências acerca do artigo 248 do Regimento Interno do TST, que reproduz o conteúdo daquela

norma. Vencidos integralmente os Ministros Breno Medeiros, Evandro Pereira Valadão Lopes,

Emmanoel Pereira e Walmir Oliveira da Costa, que julgavam improcedente à arguição suscitada,

ante a constitucionalidade do art. 896-A, § 5º, da CLT.


Embargos. Recurso de revista. Dano existencial. Jornada excessiva. Ausência de prova do

prejuízo. Impossibilidade de presunção do dano.

A realização de jornada excessiva habitual não enseja, por si só, o pagamento de indenização por

dano existencial. Com efeito, o dano existencial não é presumível, de forma que não se pode extrair,

automaticamente, da comprovação de prestação de horas extraordinárias, que as relações sociais do

trabalhador foram rompidas ou que seu projeto de vida foi atingido, sendo imprescindível a

demonstração inequívoca do prejuízo sofrido.


Fichas financeiras. Comprovação de pagamento do salário. Idoneidade como meio de prova.

É válida, como meio probante de pagamento do salário, a apresentação de fichas financeiras da

empresa. A despeito do que prevê a CLT no caput do art. 464, segundo o qual, o pagamento do

salário deve ser feito mediante recibo, sabe-se que o empregador, comumente, realiza o pagamento

dos salários de seus empregados por meio de depósito bancário, conforme autorizado pelos arts. 464,

parágrafo único, e 465 da CLT. Assim, pode o empregador comprovar o pagamento de salários por

outros meios de prova, tais como as fichas financeiras da empresa. 


Agravo. Embargos. Recolhimento da multa do art. 1.021, §4º, do CPC. Requisito objetivo para

admissibilidade do recurso de embargos. Ausência de comprovação tempestiva. Deserção.

O recolhimento da multa do art. 1.021, § 4º, do CPC é requisito objetivo de admissibilidade do

recurso de embargos e a inobservância do prazo para sua comprovação implica deserção. Assim, o

recolhimento da multa, com a respectiva comprovação, deve-se dar no prazo estipulado para a

interposição do recurso. No caso, o recolhimento da multa imposta pela Turma julgadora foi

realizado dentro do prazo para interposição do recurso de embargos, contudo, sua comprovação

deu-se apenas quando da interposição do agravo interno. O princípio da primazia da resolução do

mérito e o da instrumentalidade das formas não autorizam que todo e qualquer vício sejam sanados,

sob pena de se causar insegurança jurídica e de se subverter a natureza dos atos processuais.

Ademais, há de se observar a natureza sancionatória da multa em comento, que tem o intuito de

coibir a interposição de recursos protelatórios e a quebra do dever de cooperação e boa-fé

processual, não se admitindo qualquer flexibilização. Aplica-se, por analogia, o disposto no art. 7º

da Lei nº 5.584/70, bem como o entendimento da Súmula nº 245 do TST.


Embargos. Profissional de saúde. Cumulação de cargos. Compatibilidade de horários. Art. 37,

XVI, da CF.

Havendo compatibilidade de horários entre os cargos/empregos públicos, resta atendido o requisito

previsto no art. 37, XVI, da CF para a acumulação pretendida, sendo irrelevante para efeito de

aplicação da norma constitucional a circunstância de as jornadas desempenhadas serem exaustivas.

Entendimento em sentido contrário, mesmo que fundamentado na dignidade da pessoa humana e na

preservação da integridade física e psíquica do trabalhador, configuraria restrição não prevista na

CF. Outrossim, poderia levar à conclusão de que profissionais de saúde não podem acumular cargo

ou emprego público com emprego em instituição particular, por configurar jornada exaustiva; ou até

proibição de acumulação de qualquer cargo ou profissão quando houvesse presunção de risco à

integridade do trabalhador. Tais posições não encontram amparo na lei tampouco no art. 5º, II, e

XIII, da CF.


Nos termos do art. 791-A da CLT, os honorários de sucumbência serão fixados “sobre o valor que

resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-

lo, sobre o valor atualizado da causa”. 3. Depreende-se, da leitura do referido dispositivo, que os

honorários de sucumbência serão calculados sobre o valor dado à causa apenas quando não for

possível mensurar o proveito econômico obtido com a condenação. 4. No caso, embora a empresa

ré tenha sido condenada em obrigação de fazer, é possível mensurar o proveito econômico que será

obtido pelo sindicato-autor com o seu cumprimento (soma dos valores correspondentes a um dia de

trabalho de cada um dos empregados da empresa ré que integram a categoria econômica), sendo

essa a base de cálculo dos honorários de sucumbência. Recurso de revista conhecido e provido.”

(TST-RR-432-67.2018.5.07.0034, 1ª Turma, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, julgado em

28/10/2020.)


INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS

MORAIS AJUIZADA CONTRA SITES DE BUSCA NA INTERNET. DISPONIBILIZAÇÃO DE

INFORMAÇÕES ACERCA DE RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS AJUIZADAS PELOS

RECLAMANTES. Na hipótese, o Tribunal Regional manteve a sentença em que se reconheceu a

incompetência desta Justiça especializada para processar e julgar o feito, ao fundamento de que a

matéria em discussão nos autos – pretensão de responsabilidade das reclamadas (sites de busca na

internet) por terem disponibilizado informações acerca de reclamações trabalhistas ajuizadas pelos

autores - não se insere na competência da Justiça do Trabalho, porquanto não há discussão sobre

eventual relação de emprego ou de trabalho. Com efeito, a Emenda Constitucional nº 45/2004

ampliou a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar as ações oriundas da relação

de trabalho, consoante disposto no artigo 114, inciso I, da Constituição Federal, que assim dispõe:

"Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações oriundas da relação de

trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e

indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. A despeito disso, o caso

continua a não se enquadrar na competência desta Justiça especializada, uma vez que nele não setrata de qualquer relação de trabalho, mas sim de relação de natureza eminentemente civil, entre os

autores da presente ação e as empresas rés que são sites de busca de dados e de informações na rede

mundial de computadores (internet), cabendo à Justiça Comum a sua análise, razão pela qual não

merece reforma a decisão recorrida em que se reconheceu a incompetência desta Justiça do

Trabalho para processar e julgar o feito, não havendo falar, portanto, em violação do artigo 114,

incisos I e IV, da Constituição Federal. Agravo de instrumento desprovido.” (TST-AIRR-10209-

05.2017.5.03.0105, 2ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta em 28/10/2020)



[...] II - RECURSO DE REVISTA (PARTE ADMITIDA). RECURSO SOB A ÉGIDE DA LEI

13.015/2014. AÇÃO CIVIL PÚBLICA (DISPONIBILIZAÇÃO DE LOCAL APROPRIADO

PARA EMPREGADAS DEIXAREM SEUS FILHOS, SOB VIGILÂNCIA E ASSISTÊNCIA,

DURANTE O PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO). TRABALHO DA MULHER. PROTEÇÃO

ESPECIAL. SHOPPING CENTER E CUMPRIMENTO ALTERNATIVO DA REGRA DO

ARTIGO 389 DA CLT (CONVÊNIOS OU REEMBOLSO CRECHE). Frise-se, inicialmente, que

os temas em epígrafe serão analisados concomitantemente por estarem interligados. Cinge-se a

controvérsia quanto à aplicação do artigo 389, § 1º, da CLT aos shoppings centers, em relação à

previsão da destinação de local reservado para guarda de filhos de todos os funcionários, sejam seus

próprios e os dos lojistas, em período de amamentação, sob guarda e vigilância. Pois bem, o art.

389, § 1º, da CLT estabelece que toda empresa, nos estabelecimentos em que trabalharem pelo

menos 30 empregadas mulheres com mais de 16 anos, deve ter local apropriado para que seus filhos

possam ficar no período da amamentação. Tal artigo não pode ser interpretado de forma literal,

levando-se em conta o termo "estabelecimento" apenas como sendo o espaço físico em que se

desenvolvem as atividades do empregador, até porque, quando da redação do artigo em comento,

pelo Decreto-Lei de 1967, a realidade do shopping center não correspondia à noção atual. Devemos

ter, sim, uma interpretação histórica e sistemática, conjuntamente com os princípios da proteção à

maternidade e à infância. Portanto, ao meu ver, devemos entender a realidade do shopping center,

como tem sido dito em decisões desta Corte, como um "sobre estabelecimento", ou seja, devemos

considerar não a topografia de cada loja, mas sim a sua totalidade, uma vez que, ainda que o

shopping não seja o responsável pelas vendas de produtos ou serviços, ele é o responsável pela

administração, dimensionamento e disponibilização dos espaços comuns, daí advindo o seu dever

de providenciar espaços para a guarda e aleitamento de crianças das empregadas, tanto as suas

quanto as dos seus lojistas. Com efeito, os empregados que atuam em shopping, ainda que sejam

trabalhadores dos lojistas, se valem da infraestrutura do centro comercial, uma vez que a função

principal do shopping é a organização do espaço de forma coesa, a fim de potencializar a atividade

econômica das empresas ali instaladas. Diante disso, as normas que tutelam o meio ambiente do

trabalho devem levar em consideração tal perspectiva. Assim, como dito anteriormente, devemos

interpretar de forma consentânea com a atual realidade o termo estabelecimento, do artigo 389, § 1º,

da CLT, de modo que se conclua que a obrigação relativa ao meio ambiente do trabalho das

empregadas que atuam em lojas instaladas em shopping centers seja responsabilidade, no que

couber, do próprio shopping, o que afasta, no caso em concreto, qualquer pretensão de se aplicar

responsabilidade subsidiária do cumprimento da obrigação de fazer objeto do citado artigo 389, §

1º, consolidado. A obrigação de fazer consistente na criação e manutenção de creches destinadas à

amamentação em espaços de shoppings centers é uma questão realmente importante, porque o

shopping center não é o empregador, mas a ele se determina a obrigação de criar e manter creches

destinadas à amamentação, ou seja, estamos criando uma obrigação, por meios da Justiça do

Trabalho, que não está relacionada ao empregador. No entanto, o shopping center, como é de

costume no País, é um empreendimento pelo qual se aluga os espaços destinados a dar lucro, que

podem ser de um único empreendedor ou de um grupo; normalmente é de um grupo. Constrói-se,

então, e os espaços são os mais variados, não apenas para lojas, mas também há aquelas ilhas que

ficam ali dentro destinadas ao arrendamento. Dentro de cada shopping existe uma associação de

lojista que se aliam como se sindicato fosse, para conseguir com o empreendedor determinados

benefícios e as reivindicações que entendem apropriadas. Os shoppings centers acabam, muitas

vezes, ficando fora da cidade. Ou seja, na prática, é como se os empregados dos lojistas ficassem,

de certa forma, segregados: a vida fica ali dentro do shopping. Não há outra solução a não ser

reconhecer que, realmente, o shopping deve promover essa criação e manutenção das creches e,

nesse caso, repassar o custo aos lojistas; seria o mesmo que determinar que os lojistas em conjunto

o fizessem. O resultado é o mesmo e não há maiores problemas para que isso seja feito. A partir do

momento da manutenção dessas creches, que são necessárias, é preciso que se dê uma solução para

esse tipo de problema, o shopping pode repassar o custo para os lojistas, por rateio, da mesma forma

que cobra dos lojistas o décimo terceiro salário de aluguel, que cobra aluguel por faturamento. Isso

vai se refletir no preço dos produtos? Sim, vai. Mas o que se pode fazer? É um problema social que

precisa ser enfrentado. As mercadorias vão ficar mais caras por causa disso, é lógico. Mas o que se

torna mais importante? É estabelecer creche ou majorar o preço das mercadorias? São dois direitos

fundamentais, ou pelo menos um deles é direito fundamental, a que precisamos dar preponderância,

prevalência, preferência. Por outro lado, tal medida importa na proteção à maternidade e aos filhos

das trabalhadoras. Busca-se preservar o cuidado à criança e ao adolescente, bem maior de natureza

constitucional, eleito pelo Estado como prioritário. Precedentes. Ressalte-se que não é um conflito

entre empregado e empregador, mas é derivado das relações de trabalho e são várias as questões

que decorrem daí. Os primados da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, solidariedade;

estamos falando do terceiro, exatamente da solidariedade. As creches visam atender todas as

mulheres que trabalham em shopping. Então, há, no caso, por solidariedade, o interesse coletivo. A

matéria é constitucional. Trata-se de proteção à maternidade, prevista no art. 6.º da Constituição

Federal. É de conteúdo prestacional. Faz parte até da Convenção Americana de Direitos Humanos,

ratificada pelo Brasil em 1992, faz parte de todos os protocolos, inclusive o de San Salvador.

Envolve ainda outra questão, como a aqui salientada, que é a questão do fomento ao pleno emprego,

que também é matéria constitucional, a fim de se permitir a absorção da mão de obra da mulher.

Não há outra forma de concretizar a sua inclusão no mercado de trabalho em uma situação como

essa, a não ser por meio do estabelecimento de creches. Nenhum ônus isso representa para os

shoppings centers, que podem perfeitamente repassar o custo. É preciso, por outro lado, quando se

constrói um shopping center, que ele seja dotado de uma infraestrutura adequada às necessidades

daquele mundo que ali ocorre. O empreendimento precisa observar essa necessidade, porque é uma

primeira necessidade. Deveria até ser exigido da municipalidade a expedição de alvará já com a

previsão de creche para efeito de funcionamento ou que ela mantivesse convênios distritais ou com

determinadas entidades próximas, onde fosse possível que isso ocorresse.


o egrégio Tribunal Regional deixou

consignada a coexistência de dois regulamentos distintos, dentro dos ditames da Súmula nº 51, com

direitos e obrigações diferentes para cada um. Firmou entendimento de que não há violação ao

princípio da igualdade ou da isonomia a assimetria de tratamento dispensado aos empregados

pertencentes a regramentos distintos.



“[...] B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE. ACÓRDÃO

REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E DA LEI Nº 13.467/2017. 1.

FÉRIAS INDENIZADAS. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.

TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. A

jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que não incide imposto de renda sobre as férias

indenizadas, ante o disposto no art. 6º, V, da Lei nº 7.713/88, que exclui da base de incidência do

imposto de renda as parcelas de natureza indenizatória recebidas por ocasião da rescisão do contrato

de trabalho. II. Assim, ao decidir que o Reclamado não é responsável pela devolução dos descontos

realizados a título de imposto de renda sobre férias indenizadas à parte Autora, o Tribunal Regional

decidiu em dissonância com a jurisprudência desta Corte Superior, razão pela qual se reconhece a

transcendência política da matéria (art. 896-A, § 1º, II, da CLT), no particular. III. Sob esse

enfoque, fixa-se o seguinte entendimento: “Não incide Imposto de Renda sobre as férias

indenizadas, ante o disposto no art. 6º, V, da Lei nº 7.713/88, que exclui da base de incidência do

imposto de renda as parcelas de natureza indenizatória recebidas por ocasião da rescisão do

contrato de trabalho”. IV. Recurso de revista de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e

a que se dá provimento.” (TST-RR-849-28.2013.5.09.0652, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz

Ramos, julgado em 27/10/2020.)


Sob esse enfoque, fixa-se o seguinte

entendimento: o valor da gratificação de férias fixado em lei ou por convenção entre as partes não

se altera na hipótese de conversão (“venda”) de 1/3 do período de descanso anual em abono

pecuniário. Vale dizer: ou a gratificação de férias incide sobre os 30 dias de férias; ou incide sobre

20 dias de férias e sobre os 10 dias do abono pecuniário, sem que, com isso, haja qualquer prejuízo

ao empregado, à luz das normas constitucionais e legais de regência. V. A ECT é empresa pública

federal, equiparada à Fazenda Pública, e deve obediência aos princípios que regem a administração

pública em geral (art. 37, caput, da CF), especificamente o da legalidade. Logo, a ECT tem o dever

jurídico de conformar suas práticas administrativas ao disciplinado em lei, podendo anular seus

atos, como expressamente determinado pelas Súmulas nº 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal.

VI. Não constitui ofensa ao art. 468 da CLT, nem vulneração à Súmula nº 51, I, do TST, a

adequação da metodologia de cálculo da gratificação de férias, promovida pela ECT, após

01/07/2016 (Memorando-Circular nº 2316/2016 – GPAR/CEGEP). VII. Sob esse enfoque, fixa-se o

seguinte entendimento: ainda que praticado de forma reiterada, o pagamento indevido de parcela

trabalhista (v.g. gratificação de férias), por erro de cálculo, não gera ao empregado direito à

adoção continuada do critério errado no cálculo e pagamento de parcelas futuras, sem, contudo,

haver obrigação de devolução dos valores já recebidos conforme metodologia anterior. VIII.

Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-11497-38.2016.5.03.0035, 4ª Turma, rel. Min.

Alexandre Luiz Ramos, julgado em 27/10/2020.)


A jurisprudência do TST vem entendendo que a

ressalva do art. 505, I, do CPC/15, segundo a qual o juiz pode examinar novamente questão relativa

à mesma lide caso sobrevenha alteração do estado de fato ou de direito, se refere a questões de

execução continuada, e não à fase de conhecimento. Assim, não se verificam, no presente caso, as

excepcionalidades previstas nos incisos do art. 505 do CPC/15 e que autorizariam nova decisão a

respeito de matéria já julgada. 6 - Logo, ao proferir nova decisão sobre a mesma matéria na mesma

lide, reformando entendimento anterior, o TRT desconsiderou a preclusão pro judicato.


“PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. EXPOSIÇÃO A AMIANTO. O

termo a quo para a contagem do prazo prescricional na hipótese de pretensão à indenização por

danos morais pelo risco de se desenvolver doença grave decorrente de exposição, durante o pacto

laboral, ao amianto, substância nociva à saúde, é a data da rescisão do contrato de trabalho. Recurso

de Revista de que não se conhece.” (TST-RR 13001-34.2016.5.15.0039, 8ª Turma, rel. Min. João

Batista Brito Pereira, julgado em 28/10/2020.)


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

ProAfR no RECURSO ESPECIAL Nº 1.785.861 - SP (2018/0329029-7)

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE

CONTROVÉRSIA. EXECUÇÃO PENAL. REVISÃO DE TESE.

TEMA 931. CUMPRIMENTO DA SANÇÃO CORPORAL.

PENDÊNCIA DA PENA DE MULTA. CUMPRIMENTO DA

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE OU DE RESTRITIVA DE

DIREITOS SUBSTITUTIVA. INADIMPLEMENTO DA PENA

DE MULTA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.

IMPOSSIBILIDADE. COMPREENSÃO FIRMADA PELO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DA ADI

N. 3.150/DF. MANUTENÇÃO DO CARÁTER DE SANÇÃO

CRIMINAL DA PENA DE MULTA. PRIMAZIA DO

MINISTÉRIO PÚBLICO NA EXECUÇÃO DA SANÇÃO

PECUNIÁRIA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA DO ART. 51 DO

CÓDIGO PENAL. RECURSO NÃO PROVIDO.

1. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na ocasião do

julgamento do Recurso Especial Representativo da Controvérsia n.

1.519.777/SP (REsp n. 1.519.777/SP, Rel. Ministro Rogerio Schietti,

3ª S., DJe 10/9/2015), assentou a tese de que "[n]os casos em que

haja condenação a pena privativa de liberdade e multa, cumprida a

primeira (ou a restritiva de direitos que eventualmente a tenha

substituído), o inadimplemento da sanção pecuniária não obsta o

reconhecimento da extinção da punibilidade".

2. Entretanto, ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade n.

3.150 (Rel. Ministro Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Ministro

Roberto Barroso, Tribunal Pleno, DJe-170 divulg. 5/8/2019 public.

6/8/2019), o Pretório Excelso firmou o entendimento de que a

alteração do art. 51 do Código Penal, promovida Lei n. 9.268/1996,

não retirou o caráter de sanção criminal da pena de multa, de modo

que a primazia para sua execução incumbe ao Ministério Público e o

seu inadimplemento obsta a extinção da punibilidade do apenado. Tal

compreensão foi posteriormente sintetizada em nova alteração do

referido dispositivo legal, levada a cabo pela Lei n. 13.964/2019.

3. Recurso especial não provido para manter os efeitos do acórdão

que reconheceu a necessidade do integral pagamento da pena de

multa para fins de reconhecimento da extinção da punibilidade, e

acolher a tese segundo a qual, na hipótese de condenação

concomitante a pena privativa de liberdade e multa, o

inadimplemento da sanção pecuniária obsta o reconhecimento

da extinção da punibilidade.

 

a confissão do acusado, ainda que parcial, condicionada ou posteriormente retratada, enseja a incidência da atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea d, do Código Penal, desde que utilizada como fundamento para a condenação.

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL. ABERTURA DE VISTA AO MP. AUSÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE. POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DA ORDEM LIMINARMENTE. PRECEDENTES. EXISTÊNCIA DE JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA. MANIFESTO E GRAVE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. PREVALÊNCIA DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. CONDENAÇÕES ANTERIORES UTILIZADAS A TÍTULO DE MAUS ANTECEDENTES E PERSONALIDADE. BIS IN IDEM CARACTERIZADO. ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. CABIMENTO, AINDA QUE PARCIAL. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (…) 6. É firme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que a confissão do acusado, ainda que parcial, condicionada ou posteriormente retratada, enseja a incidência da atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea d, do Código Penal, desde que utilizada como fundamento para a condenação. (AgRg no HC 625.076/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2020, DJe 17/12/2020)

Fonte: https://canalcienciascriminais.com.br/stj-define-novas-diretrizes-sobre-a-confissao/

Resolução do TSE suspende consequências para o eleitor que não votou em 2020

 O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu as consequências previstas no art. 7º do Código Eleitoral para os eleitores que deixaram de votar nas Eleições 2020 e não apresentaram justificativa eleitoral ou não pagaram a respectiva multa.

A Resolução TSE 23.637, assinada nesta quinta-feira (21/1) pelo presidente do Tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, deverá ser referendada pelo Plenário da Corte após o recesso forense.

Entre os efeitos que ficam suspensos pela Resolução, estão o impedimento de o eleitor obter passaporte ou carteira de identidade; inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, e neles ser investido ou empossado; renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo; e receber remuneração de função ou emprego público.

A medida vale enquanto permanecer vigente o plantão extraordinário previsto pela Resolução-TSE 23.615/2020 para prevenir o contágio pelo novo coronavírus.

Para estabelecer tal medida, o Tribunal considerou que o agravamento da pandemia da Covid-19 no país dificulta a justificativa eleitoral ou o pagamento da multa por parte dos eleitores que não compareceram às urnas, sobretudo daqueles em situação de maior vulnerabilidade e com acesso limitado à internet.

Embora somente o Congresso Nacional possa anistiar as multas aplicadas aos eleitores que deixaram de votar, a Justiça Eleitoral pode, com fundamento no art. 1º, § 5º, II, da Emenda Constitucional nº 107/2020, impedir que os eleitores sofram restrições decorrentes da ausência de justificativa eleitoral durante o período de excepcionalidade decorrente da pandemia, de modo a garantir a preservação da saúde de todos.

Após o fim do prazo de suspensão estabelecido na Resolução, caso o Congresso Nacional não aprove a anistia das multas, o eleitor deverá pagar a respectiva multa ou requerer sua isenção ao juiz eleitoral.

https://www.conjur.com.br/dl/resolucao-suspende-consequencias.pdf


Fonte: https://www.conjur.com.br/2021-jan-22/tse-suspende-consequencias-eleitor-nao-votou-2020

sábado, 16 de janeiro de 2021

LEI Nº 14.118, DE 12 DE JANEIRO DE 2021

 

Mensagem de veto

Conversão da Medida Provisória nº 996, de 2020

Institui o Programa Casa Verde e Amarela; altera as Leis nos 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.100, de 5 de dezembro de 1990, 8.677, de 13 de julho de 1993, 11.124, de 16 de junho de 2005, 11.977, de 7 de julho de 2009, 12.024, de 27 de agosto de 2009, 13.465, de 11 de julho de 2017, e 6.766, de 19 de dezembro de 1979; e revoga a Lei nº 13.439, de 27 de abril de 2017.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º  É instituído o Programa Casa Verde e Amarela, com a finalidade de promover o direito à moradia a famílias residentes em áreas urbanas com renda mensal de até R$ 7.000,00 (sete mil reais) e a famílias residentes em áreas rurais com renda anual de até R$ 84.000,00 (oitenta e quatro mil reais), associado ao desenvolvimento econômico, à geração de trabalho e de renda e à elevação dos padrões de habitabilidade e de qualidade de vida da população urbana e rural.

§ 1º Na hipótese de contratação de operações de financiamento habitacional, a concessão de subvenções econômicas com recursos orçamentários da União fica limitada ao atendimento de famílias em áreas urbanas com renda mensal de até R$ 4.000,00 (quatro mil reais) e de agricultores e trabalhadores rurais em áreas rurais com renda anual de até R$ 48.000,00 (quarenta e oito mil reais).

§ 2º Na hipótese de regularização fundiária, a concessão de subvenções econômicas com recursos orçamentários da União fica limitada ao atendimento de famílias na situação prevista no inciso I do caput do art. 13 da Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017.

§ 3º Os benefícios temporários de natureza indenizatória, assistencial ou previdenciária não integram o cálculo da renda familiar para as finalidades previstas neste artigo.

Art. 2º São diretrizes do Programa Casa Verde e Amarela:

I - atendimento habitacional compatível com a realidade local, com o reconhecimento da diversidade regional, urbana e rural, ambiental, social, cultural e econômica do País;

II - habitação entendida em seu sentido amplo de moradia, com a integração das dimensões física, urbanística, fundiária, econômica, social, cultural e ambiental do espaço em que a vida do cidadão acontece;

III - estímulo ao cumprimento da função social da propriedade e do direito à moradia, nos termos da Constituição Federal;

IV - promoção do planejamento integrado com as políticas urbanas de infraestrutura, de saneamento, de mobilidade, de gestão do território e de transversalidade com as políticas públicas de meio ambiente e de desenvolvimento econômico e social, com vistas ao desenvolvimento urbano sustentável;

V - estímulo a políticas fundiárias que garantam a oferta de áreas urbanizadas para habitação, com localização, preço e quantidade compatíveis com as diversas faixas de renda do mercado habitacional, de forma a priorizar a faixa de interesse social da localidade;

VI - redução das desigualdades sociais e regionais do País;

VII - cooperação federativa e fortalecimento do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), de que trata a Lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005;

VIII - aperfeiçoamento da qualidade, da durabilidade, da segurança e da habitabilidade da construção de habitações e da instalação de infraestrutura em empreendimentos de interesse social;

IX - sustentabilidade econômica, social e ambiental dos empreendimentos habitacionais;

X - transparência com relação à execução física e orçamentária das políticas habitacionais e à participação dos agentes envolvidos no Programa Casa Verde e Amarela e dos beneficiários desse Programa;

XI - utilização de sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que objetivem a redução de impactos ambientais, a economia de recursos naturais e a conservação e o uso racional de energia.

Art. 3º São objetivos do Programa Casa Verde e Amarela:

I - ampliar o estoque de moradias para atender às necessidades habitacionais, sobretudo da população de baixa renda;

II - promover a melhoria do estoque existente de moradias para reparar as inadequações habitacionais, incluídas aquelas de caráter fundiário, edilício, de saneamento, de infraestrutura e de equipamentos públicos;

III - estimular a modernização do setor da construção e a inovação tecnológica com vistas à redução dos custos, à sustentabilidade ambiental e à melhoria da qualidade da produção habitacional, com a finalidade de ampliar o atendimento pelo Programa Casa Verde e Amarela;

IV - promover o desenvolvimento institucional e a capacitação dos agentes públicos e privados responsáveis pela promoção do Programa Casa Verde e Amarela, com o objetivo de fortalecer a sua ação no cumprimento de suas atribuições; e

V - estimular a inserção de microempresas, de pequenas empresas e de microempreendedores individuais do setor da construção civil e de entidades privadas sem fins lucrativos nas ações do Programa Casa Verde e Amarela.

Art. 4º O Poder Executivo federal definirá:

I - os critérios e a periodicidade para a atualização dos limites de renda e das subvenções econômicas de que trata o art. 1º desta Lei;

II - as metas e os tipos de benefícios destinados às famílias, conforme localização e população do Município ou do Distrito Federal, e as faixas de renda, respeitados as atribuições legais sobre cada fonte de recursos, os limites estabelecidos no art. 1º desta Lei e a disponibilidade orçamentária e financeira;

III - os critérios de seleção e de hierarquização dos beneficiários, bem como as regras de preferência aplicáveis a famílias em situação de risco ou vulnerabilidade, que tenham a mulher como responsável pela unidade familiar ou de que façam parte pessoas com deficiência ou idosos, entre outras prioridades definidas em leis específicas ou compatíveis com a linha de atendimento do Programa;

IV - a periodicidade, a forma e os agentes responsáveis pela definição da remuneração devida aos agentes operadores e financeiros para atuação no âmbito do Programa Casa Verde e Amarela, quando couber;

V - a forma de divulgação das informações relativas a dispêndio de recursos, projetos financiados, unidades produzidas e reformadas, beneficiários atendidos e indicadores de desempenho, a serem publicadas periodicamente; e

VI - os critérios específicos de seleção de entidades privadas sem fins lucrativos, de microempresas e pequenas empresas locais e de microempreendedores individuais de construção para atuação nas ações do Programa Casa Verde e Amarela, consideradas as especificidades regionais.

Art. 5º O Programa Casa Verde e Amarela será promovido por agentes públicos e privados, que assumirão atribuições específicas conforme a fonte de recursos e a ação a ser implementada.

Parágrafo único. Na qualidade de agentes do Programa Casa Verde e Amarela, respeitadas as atribuições contidas em legislações específicas, compete:

I - ao Ministério do Desenvolvimento Regional:

a) gerir e estabelecer a forma de implementação das ações abrangidas pelo Programa Casa Verde e Amarela; e

b) monitorar, avaliar e divulgar periodicamente os resultados obtidos pelo Programa Casa Verde e Amarela, de forma a assegurar a transparência e a publicidade de informações;

II - aos órgãos colegiados gestores de fundos financiadores do Programa Casa Verde e Amarela de que trata o art. 6º desta Lei, exercer as atribuições estabelecidas nas leis que os instituírem;

III - aos operadores de fundos financiadores do Programa Casa Verde e Amarela de que trata o art. 6º desta Lei, estabelecer mecanismos e procedimentos operacionais necessários à realização de ações abrangidas pelo Programa Casa Verde e Amarela, em conformidade com as diretrizes aprovadas pelos órgãos colegiados referidos no inciso II deste parágrafo, quando for o caso;

IV - às instituições ou agentes financeiros, adotar mecanismos e procedimentos necessários à realização de ações abrangidas pelo Programa Casa Verde e Amarela e participar do referido Programa de acordo com a sua capacidade técnica e operacional, na forma a ser regulamentada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional ou a ser aprovada pelos órgãos colegiados referidos no inciso II deste parágrafo, conforme o caso;

V - aos governos estaduais, distrital e municipais, implementar e executar as suas políticas habitacionais em articulação com o Programa Casa Verde e Amarela garantir as condições adequadas para a sua realização e a sua execução, na qualidade de executores, de promotores ou de apoiadores;

VI - às entidades privadas com ou sem fins lucrativos destinadas à provisão habitacional, executar as ações e as atividades abrangidas pelo Programa Casa Verde e Amarela, respeitadas as legislações específicas relativas aos recursos financiadores;

VII - às empresas da cadeia produtiva do setor da construção civil, executar as ações e exercer as atividades abrangidas pelo Programa Casa Verde e Amarela, na qualidade de incorporadora, de prestadora de serviço, de executora ou de proponente, conforme o caso; e

VIII - às famílias beneficiárias do Programa Casa Verde e Amarela:

a) fornecer dados e documentos;

b) assumir o financiamento, quando for o caso;

c) honrar o pagamento das prestações, dos aluguéis, dos arrendamentos ou de outras contrapartidas, quando for o caso; e

d) apropriar-se corretamente dos bens e serviços colocados à sua disposição.

Art. 6º O Programa Casa Verde e Amarela será constituído pelos seguintes recursos, sem prejuízo de outros recursos que lhe venham a ser destinados:

I - dotações orçamentárias da União;

II - Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), observado o disposto na Lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005;

III - Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), observado o disposto na Lei nº 10.188, de 12 de fevereiro de 2001;

IV - Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), observado o disposto na Lei nº 8.677, de 13 de julho de 1993;

V - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), observado o disposto na Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990;

VI - operações de crédito de iniciativa da União firmadas com organismos multilaterais de crédito e destinadas à implementação do Programa Casa Verde e Amarela;

VII - contrapartidas financeiras, físicas ou de serviços de origem pública ou privada;

VIII - doações públicas ou privadas destinadas aos fundos de que tratam os incisos II, III, IV e V; e

IX - outros recursos destinados à implementação do Programa Casa Verde e Amarela oriundos de fontes nacionais e internacionais.

§ 1º A União, por meio da alocação de recursos destinados a ações integrantes das leis orçamentárias anuais, observada a disponibilidade orçamentária e financeira, fica autorizada a:

I - integralizar cotas no FAR, transferir recursos ao FDS, complementar os descontos concedidos pelo FGTS, subvencionar a regularização fundiária, a produção, a aquisição, a requalificação e a melhoria de moradias ou conceder subvenção econômica ao beneficiário pessoa física; e

II - alocar subvenção econômica com a finalidade de complementar o valor necessário a assegurar o equilíbrio econômico-financeiro das operações de financiamento realizadas pelas instituições ou agentes financeiros, de forma a compreender as despesas de contratação, de administração e de cobrança e os custos de alocação, de remuneração e de perda de capital.

§ 2º A contrapartida do beneficiário, quando houver, será realizada sob a forma de participação pecuniária, para complementação do valor de investimento da operação ou para retorno total ou parcial dos recursos aportados pelo Programa Casa Verde e Amarela, observada a legislação específica.

§ 3º Os demais agentes públicos ou privados do Programa Casa Verde e Amarela poderão aportar contrapartidas sob a forma de participação pecuniária, de bens imóveis e de obras para complementação ou assunção do valor de investimento da operação.

§ 4º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão complementar o valor das operações com incentivos e benefícios de natureza financeira, tributária ou creditícia.

§ 5º A participação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no Programa Casa Verde e Amarela é condicionada à existência de lei do ente federativo, no âmbito de sua competência, que assegure a isenção dos tributos que tenham como fato gerador a transferência das moradias ofertadas pelo Programa Casa Verde e Amarela com a participação de, no mínimo, uma das fontes descritas nos incisos III e IV do caput deste artigo, a qual deverá produzir efeitos em momento prévio à contratação dos investimentos.

§ 6º Nas contratações realizadas até 31 de dezembro de 2021, a participação de que trata o § 5º deste artigo é condicionada à existência de lei do ente federativo, no âmbito de sua competência, que produza efeitos em momento prévio à entrega das unidades habitacionais às famílias beneficiárias.

Art. 7º A União poderá destinar bens imóveis a entes privados, dispensada autorização legislativa específica, para o alcance dos objetivos de políticas públicas habitacionais, observado, no que couber, o art. 23 da Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998.

§ 1º A destinação de que trata o caput deste artigo será realizada por meio de licitação em que o critério de julgamento de propostas será a oferta do maior nível de contrapartidas não pecuniárias, observados os critérios de mensuração estabelecidos no edital e na portaria de que trata o § 11 deste artigo.

§ 2º As contrapartidas deverão ser realizadas no mesmo imóvel objeto da destinação, em valor nunca inferior ao seu valor de avaliação definido antes das alterações do ordenamento urbanístico de que trata o § 10 deste artigo.

§ 3º A destinação a que se refere o caput deste artigo será realizada mediante concessão de direito real de uso sobre o imóvel, nos termos do art. 7 º do Decreto-Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967, durante o período de cumprimento das contrapartidas.

§ 4º Cumpridas as contrapartidas, o empreendedor terá liberdade para explorar economicamente a parte do imóvel por elas não afetada.

§ 5º Após o cumprimento das contrapartidas, a propriedade do imóvel será transferida ao contratado por meio do Termo de Transferência de Propriedade, que deverá ser registrado no registro de imóveis competente.

§ 6º Será obrigatória, até a comprovação do cumprimento das contrapartidas, a prestação de garantia pelo empreendedor, que poderá ser exigida em percentual superior ao disposto no § 2º do art. 56 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, até o limite de 30% (trinta por cento) do valor do terreno.

§ 7º Na hipótese de descumprimento das contrapartidas pelo empreendedor, nas condições e nos prazos estabelecidos, a concessão resolver-se-á sem direito a indenização pelas acessões e benfeitorias até então realizadas, nem a qualquer outra indenização, e a posse do imóvel será revertida à União.

§ 8º Caberá à autoridade responsável pela coordenação da política pública habitacional estabelecer e verificar os critérios para caracterização das contrapartidas previstas neste artigo, bem como o seu monitoramento e recebimento final pela União, sem prejuízo das atribuições da Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União.

§ 9º Para o atestado do cumprimento das contrapartidas, é admitida a contratação de verificadores independentes ou de instituições financeiras oficiais federais ou, ainda, a delegação para outros órgãos e entidades da administração pública direta, indireta, autárquica ou fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

§ 10. A destinação do imóvel da União de que trata este artigo fica condicionada à adoção de medidas pelo Município interessado na realização de contrapartidas em imóveis federais localizados no respectivo território, quanto à adequação do ordenamento urbanístico local, para fins de viabilidade das contrapartidas e de destinação do imóvel da União, na forma prevista na portaria a que se refere o § 11 deste artigo.

§ 11. Portaria interministerial, a ser publicada em conjunto pelo Ministério da Economia e pelo Ministério competente pela política pública habitacional, disciplinará a destinação estabelecida neste artigo.

§ 12. As contrapartidas a serem realizadas pelo empreendedor em observância aos objetivos da política pública habitacional previstos na portaria de que trata o § 11 deste artigo e no edital de licitação poderão, entre outras obrigações, envolver:

I - construção, manutenção e exploração de edificações construídas no imóvel destinado;

II - transferência direta das edificações ou unidades imobiliárias a beneficiários;

III - provisão de infraestrutura urbana para atendimento da área do imóvel e suas imediações; ou

IV - prestação de serviços de interesse público ou de utilidade pública que envolvam o aproveitamento das edificações a que se refere o inciso I deste parágrafo, sem ônus ou com ônus reduzido aos beneficiários.

Art. 8º Respeitados os regulamentos específicos de cada uma das fontes de recursos e a necessária vinculação ao Programa Casa Verde e Amarela, são passíveis de compor o valor de investimento da operação:

I - elaboração de estudos, planos e projetos técnicos sociais de infraestrutura, de equipamentos públicos, de mobilidade, de saneamento, urbanísticos e habitacionais;

II - elaboração e execução de plano de arborização e paisagismo, quando associado às intervenções habitacionais;

III - aquisição de imóvel para implantação de empreendimento habitacional;

IV - regularização fundiária urbana, nos termos da Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017;

V - urbanização de assentamentos precários;

VI - aquisição ou produção de unidade ou de empreendimento habitacional;

VII - melhoria de moradia ou requalificação de imóvel;

VIII - obras de implantação de equipamentos públicos, de mobilidade, de saneamento e de infraestrutura, incluídas as de instalação de equipamentos de energia solar ou as que contribuam para a redução do consumo de água em moradias, desde que associadas a intervenções habitacionais;

IX - assistência técnica para construção ou melhoria de moradias;

X - ações destinadas ao trabalho social e à gestão condominial ou associativa com beneficiários das intervenções habitacionais;

XI - elaboração e implementação de estudos, planos, treinamentos e capacitações;

XII - aquisição de bens destinados a apoiar os agentes públicos ou privados envolvidos na implementação do Programa Casa Verde e Amarela;

XIII - produção de unidades destinadas à atividade comercial, desde que associadas às operações habitacionais; e

XIV - seguro de engenharia, de danos estruturais, de responsabilidade civil do construtor, de garantia de término de obra e outros que visem à mitigação de riscos inerentes aos empreendimentos habitacionais.

§ 1º Os projetos, as obras e os serviços contratados observarão:

I - condições de acessibilidade e de disponibilidade de unidades adaptáveis e acessíveis ao uso por pessoas com deficiência, com a mobilidade reduzida ou idosas, nos termos da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), respectivamente;

II - condições de sustentabilidade social, econômica e ambiental da solução implantada, dada preferência a materiais de construção oriundos de reciclagem, incluídos os provenientes de rejeitos de mineração; e

III - obrigatoriedade de elaboração e execução de plano de arborização e paisagismo.

§ 2º Nos empreendimentos de produção habitacional urbanos que utilizem recursos do FAR ou do FDS, o poder público local que aderir ao Programa Casa Verde e Amarela é obrigado a arcar, diretamente ou por meio dos concessionários ou permissionários de serviços públicos, com os custos de implantação de infraestrutura básica, nos termos do § 6º do art. 2º da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, e de equipamentos públicos e serviços de mobilidade, quando não incidentes sobre o valor de investimento das operações.

§ 3º O prestador dos serviços públicos de distribuição de energia elétrica deve disponibilizar infraestrutura de rede e instalações elétricas até os pontos de conexão necessários à implantação dos serviços nas edificações e nas unidades imobiliárias decorrentes de políticas públicas habitacionais.

§ 4º A agência reguladora instituirá regras para que o empreendedor imobiliário faça investimentos em redes de distribuição, com a identificação das situações nas quais os investimentos representam antecipação de atendimento obrigatório da concessionária, caso em que fará jus ao ressarcimento futuro por parte da concessionária, por critérios de avaliação regulatórios, e daquelas nas quais os investimentos configuram-se como de interesse restrito do empreendedor imobiliário, situação na qual não fará jus ao ressarcimento.

§ 5º O poder público local, após avaliação das condições e necessidades existentes na região de implantação dos empreendimentos habitacionais do Programa Casa Verde e Amarela, deverá indicar, em termo de compromisso, os equipamentos públicos a serem implantados na forma do § 2º deste artigo.

§ 6º As unidades habitacionais produzidas pelo Programa Casa Verde e Amarela poderão ser disponibilizadas aos beneficiários sob a forma de cessão, de doação, de locação, de comodato, de arrendamento ou de venda, mediante financiamento ou não, em contrato subsidiado ou não, total ou parcialmente, conforme previsto em regulamento.

Art. 9º Na hipótese de utilização dos recursos de que trata o art. 6º desta Lei com finalidade diversa da definida por esta Lei, será exigida a devolução correspondente ao valor originalmente disponibilizado, acrescido de juros e de atualização monetária a serem definidos em regulamento, nos termos do art. 4º desta Lei, sem prejuízo das penalidades previstas em lei.

§ 1º Os participantes privados que descumprirem normas ou, por meio de ato omissivo ou comissivo, contribuírem para a aplicação indevida dos recursos do Programa Casa Verde e Amarela poderão perder a possibilidade de atuar no Programa, sem prejuízo do dever de ressarcimento dos danos causados e da incidência das demais sanções civis, administrativas e penais aplicáveis.

§ 2º A aplicação da penalidade de impedimento de participar do Programa Casa Verde e Amarela prevista no § 1º deste artigo será precedida do devido processo administrativo, no qual serão respeitados os princípios do contraditório e da ampla defesa.

Art. 10. O disposto nos arts. 4243 e 44 da Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, aplica-se ao Programa Casa Verde e Amarela.

Art. 11. A subvenção econômica fornecida à pessoa física no ato da contratação que tenha por objetivo proporcionar a aquisição ou a produção da moradia por meio do Programa Casa Verde e Amarela será concedida apenas 1 (uma) vez para cada beneficiário e poderá ser cumulativa com os descontos habitacionais concedidos nas operações de financiamento realizadas nos termos do art. 9º da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, com recursos do FGTS.

Parágrafo único. A subvenção econômica de que trata o caput deste artigo poderá ser cumulativa com aquelas concedidas por programas habitacionais de âmbito estadual, distrital ou municipal.

Art. 12. É vedada a concessão de subvenções econômicas com a finalidade de aquisição de unidade habitacional por pessoa física que:

I - seja titular de contrato de financiamento obtido com recursos do FGTS ou em condições equivalentes às do Sistema Financeiro da Habitação, em qualquer parte do País;

II - seja proprietária, promitente compradora ou titular de direito de aquisição, de arrendamento, de usufruto ou de uso de imóvel residencial, regular, com padrão mínimo de edificação e de habitabilidade definido pelas regras da administração municipal, e dotado de abastecimento de água, de solução de esgotamento sanitário e de atendimento regular de energia elétrica, em qualquer parte do País; ou

III - tenha recebido, nos últimos 10 (dez) anos, benefícios similares oriundos de subvenções econômicas concedidas com o orçamento geral da União e com recursos do FAR, do FDS ou de descontos habitacionais concedidos com recursos do FGTS, excetuados as subvenções ou os descontos destinados à aquisição de material de construção ou o Crédito Instalação, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na forma prevista em regulamento.

§ 1º O disposto no caput deste artigo, observada a legislação específica relativa    à fonte de recursos, não se aplica à família que se enquadre em uma ou mais das seguintes hipóteses:

I - tenha tido propriedade de imóvel residencial de que se tenha desfeito, por força de decisão judicial, há pelo menos 5 (cinco) anos;

II - tenha tido propriedade em comum de imóvel residencial, desde que dele se tenha desfeito, em favor do coadquirente, há pelo menos 5 (cinco) anos;

III - tenha propriedade de imóvel residencial havida por herança ou doação, em condomínio, desde que a fração seja de até 40% (quarenta por cento), observada a regulamentação específica da fonte de recurso que tenha financiado o imóvel;

IV - tenha propriedade de parte de imóvel residencial, em fração não superior a 40% (quarenta por cento);

V - tenha tido propriedade anterior, em nome do cônjuge ou do companheiro do titular da inscrição, de imóvel residencial do qual se tenha desfeito, antes da união do casal, por meio de instrumento de alienação devidamente registrado no cartório competente; e

VI - tenha nua propriedade de imóvel residencial gravado com cláusula de usufruto vitalício e tenha renunciado a esse usufruto.

§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica às subvenções econômicas destinadas a:

I - realização de obras e serviços de melhoria habitacional para assistência a famílias;

II - atendimento de famílias envolvidas em operações de reassentamento, de remanejamento ou de substituição de moradia; e

III - atendimento de famílias desabrigadas que tenham perdido o seu único imóvel em razão de situação de emergência ou de estado de calamidade pública reconhecidos pela União.

Art. 13. Os contratos e os registros efetivados no âmbito do Programa Casa Verde e Amarela serão formalizados, preferencialmente, em nome da mulher e, na hipótese de esta ser chefe de família, poderão ser firmados independentemente da outorga do cônjuge, afastada a aplicação do disposto nos arts. 1.6471.648 e 1.649 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).

§ 1º O contrato firmado na forma prevista no caput deste artigo será registrado no cartório de registro de imóveis competente, sem a exigência de dados relativos ao cônjuge ou ao companheiro e ao regime de bens.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos contratos de financiamento firmados com recursos do FGTS.

Art. 14. Nas hipóteses de dissolução de união estável, separação ou divórcio, o título de propriedade do imóvel adquirido, construído ou regularizado pelo Programa Casa Verde e Amarela na constância do casamento ou da união estável será registrado em nome da mulher ou a ela transferido, independentemente do regime de bens aplicável, excetuadas as operações de financiamento habitacional firmadas com recursos do FGTS.

Parágrafo único. Na hipótese de haver filhos do casal e a guarda ser atribuída exclusivamente ao homem, o título da propriedade do imóvel construído ou adquirido será registrado em seu nome ou a ele transferido, revertida a titularidade em favor da mulher caso a guarda dos filhos seja a ela posteriormente atribuída.

Art. 15. Os prejuízos sofridos pelo cônjuge ou pelo companheiro em razão do disposto nos arts. 13 e 14 desta Lei serão resolvidos em perdas e danos.

Art. 16. Para garantia da posse legítima dos empreendimentos habitacionais adquiridos ou construídos pelo Programa Casa Verde e Amarela ainda não alienados aos beneficiários finais que venham a sofrer turbação ou esbulho, poderão ser empregados atos de defesa ou de desforço diretos, inclusive por meio do auxílio de força policial.

§ 1º O auxílio de força policial a que se refere o caput deste artigo poderá estar previsto no instrumento firmado ou em outro que venha a ser estabelecido entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

§ 2º Os atos de defesa ou de desforço a que se refere o caput deste artigo não poderão ir além do indispensável à manutenção ou à restituição da posse e deverão ocorrer no prazo máximo de 5 (cinco) dias, contado da data de ciência do ato de turbação ou de esbulho.

Art. 17. O inciso III do caput do art. 6º da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 6º ........................................................................................................................

............................................................................................................................................

III - elaborar orçamentos anuais e planos plurianuais de aplicação dos recursos, discriminados por região geográfica, e submetê-los até 31 de julho ao Conselho Curador do FGTS;

...................................................................................................................................” (NR)

Art. 18. O art. 3º da Lei nº 8.100, de 5 de dezembro de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte § 5º:

“Art. 3º ........................................................................................................................

............................................................................................................................................

§ 5º O cadastro nacional de mutuários do SFH será atualizado, mensalmente, pelas instituições ou agentes financeiros e pelos Estados, Municípios e Distrito Federal, ou pelos respectivos órgãos de suas administrações diretas e indiretas, com as informações relativas aos contratos de financiamento habitacional que tenham sido efetuados no âmbito do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), de que trata a Lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005, ou de outros programas habitacionais oficiais subsidiados pelo poder público.” (NR)

Art. 19. A Lei nº 8.677, de 13 de julho de 1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 2º ..........................................................................................................................

Parágrafo único. O FDS tem por finalidade o financiamento de projetos de iniciativa de pessoas físicas e de empresas ou entidades do setor privado, incluída a concessão de garantia de crédito de operações de financiamento habitacional, vedada a concessão de financiamentos a projetos de órgãos da administração direta, autárquica ou fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios ou de entidades sob seu controle direto ou indireto.” (NR)

“Art. 6º ...........................................................................................................................

...............................................................................................................................................

II - estabelecer limites para a concessão de empréstimos, de financiamentos e de garantias de crédito, bem como de plano de subsídios na forma desta Lei;

III - ..................................................................................................................................

a) percentual máximo de financiamento pelo FDS;

b) taxa de financiamento;

................................................................................................................................................

d) condições de garantia e de desembolso do financiamento, além da contrapartida do proponente, quando for o caso;

e) subsídio nas operações efetuadas com os recursos do FDS;

.....................................................................................................................................” (NR)

“Art. 12-A. Fica autorizada a doação gratuita, total ou parcial, ao FDS, dos valores devidos aos cotistas referentes ao retorno financeiro proporcional aos mútuos concedidos no âmbito de programas habitacionais.

§ 1º A doação efetuada na forma prevista no caput deste artigo afasta a garantia de resgate e de liquidez dos valores aplicados nos termos do art. 12 desta Lei.

§ 2º As receitas provenientes da doação de que trata o caput deste artigo integram o patrimônio do condomínio de cotistas e poderão ser utilizadas para:

I - subvencionar a produção, a aquisição, a requalificação e a melhoria de moradias;

II - promover a regularização fundiária; ou

III - conceder subvenção econômica ao beneficiário pessoa física, desde que essa operação seja autorizada pelo Conselho Curador do FDS.

§ 3º O disposto no parágrafo único do art. 3º desta Lei não se aplica aos recursos oriundos da doação efetuada na forma prevista no caput deste artigo.”

Art. 20. A Lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 12. ......................................................................................................................

............................................................................................................................................

§ 7º Observado o disposto no art. 73 da Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017, os recursos referidos no § 4º do art. 11 desta Lei serão transferidos, a título de complementação, aos fundos estaduais criados para esse fim, independentemente da celebração de convênio, de ajuste, de acordo, de contrato ou de instrumento congênere, conforme disciplinado em ato do Poder Executivo federal, observadas as seguintes condições:

I - existência de conselho estadual de habitação ou similar com a responsabilidade de fiscalizar a boa e regular aplicação dos recursos;

II - formalização de termo de adesão pelos Estados, conforme previsto no parágrafo único do art. 73 da Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017;

III - aporte de recursos próprios no fundo estadual; e

IV - encaminhamento dos demonstrativos de aplicação dos recursos ao controle interno do Poder Executivo federal e ao Tribunal de Contas da União.” (NR)

“Art. 14. Ao Ministério do Desenvolvimento Regional, sem prejuízo do disposto na Lei nº 13.844, de 18 de junho de 2019, compete:

.............................................................................................................................................

Parágrafo único. A oitiva de que tratam os incisos II e III do caput deste artigo poderá, a critério do Ministério do Desenvolvimento Regional, ser realizada mediante consulta pública.” (NR)

Art. 21. A Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 3º .........................................................................................................................

.............................................................................................................................................

§ 5º Os Estados, os Municípios e o Distrito Federal que aderirem ao PMCMV, as entidades privadas sem fins lucrativos, na qualidade de entidades organizadoras, e as instituições financeiras oficiais federais serão responsáveis pela realização do trabalho social nos empreendimentos implantados, na forma estabelecida em termo de adesão a ser definido em regulamento.

.....................................................................................................................................” (NR)

“Art. 4º .........................................................................................................................

..............................................................................................................................................

§ 2º A assistência técnica e os seguros de engenharia, de danos estruturais, de responsabilidade civil do construtor, de garantia de término de obra e outros que visem à mitigação de riscos inerentes aos empreendimentos habitacionais podem fazer parte da composição de custos do PNHU.” (NR)

“Art. 6º-A. ....................................................................................................................

.............................................................................................................................................

§ 5º ..............................................................................................................................

.............................................................................................................................................

II - a quitação antecipada do financiamento implicará o pagamento do valor da dívida contratual do imóvel na forma regulamentada por ato do Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional; e

.............................................................................................................................................

§ 9º Após consolidada a propriedade em seu nome, em razão do não pagamento da dívida pelo beneficiário, o FAR e o FDS, na qualidade de credores fiduciários, ficam dispensados de levar o imóvel a leilão, hipótese em que deverão promover a reinclusão das unidades que reunirem condições de habitabilidade em programa habitacional, no mínimo uma vez, e destiná-las à aquisição por beneficiário a ser indicado conforme as políticas habitacionais e as normas vigentes.

..............................................................................................................................................

§ 16. Na hipótese de não pagamento pelo beneficiário, as unidades habitacionais poderão ser doadas pelo FAR ou pelo FDS aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou aos órgãos de suas administrações diretas e indiretas que pagarem os valores devidos pelas famílias inadimplentes, com vistas à sua permanência na unidade habitacional ou à sua disponibilização para outros programas de interesse social.

§ 17. As unidades sem condições de habitabilidade poderão ser alienadas pelo gestor operacional do FAR ou do FDS, conforme o caso, em condições a serem regulamentadas, com prioridade para:

I - utilização em programas de interesse social em âmbito municipal, distrital, estadual ou federal; e

II - aquisição por pessoas físicas que cumpram os requisitos para habilitar-se no PMCMV.” (NR)

“Art. 7º-D. Para garantia da posse legítima dos empreendimentos produzidos pelo FAR ou pelo FDS ainda não alienados aos beneficiários finais que venham a sofrer turbação ou esbulho, poderão ser empregados atos de defesa ou de desforço diretos, inclusive por meio do auxílio de força policial.

§ 1º O auxílio de força policial a que se refere o caput deste artigo poderá estar previsto no instrumento firmado ou em outro que venha a ser estabelecido entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

§ 2º Os atos de defesa ou de desforço a que se refere o caput deste artigo não poderão ir além do indispensável à manutenção ou à restituição da posse e deverão ocorrer no prazo máximo de 5 (cinco) dias, contado da data de ciência do ato de turbação ou de esbulho.”

“Art. 7º-E. O disposto nos arts. 7º-A, 7º-B e 7º-C desta Lei aplica-se também aos empreendimentos executados com recursos provenientes do FDS.”

“Art. 8º-A. O Ministério do Desenvolvimento Regional, nas situações enquadradas nos incisos VI e VII do parágrafo único do art. 7º desta Lei, deverá notificar, no prazo de até 60 (sessenta) dias, as instituições ou agentes financeiros para:

I - efetuar a imediata devolução ao erário do valor dos recursos liberados, acrescido de juros e atualização monetária, com base na remuneração dos recursos que serviram de lastro à sua concessão, sem prejuízo das penalidades previstas em lei; ou

II - manifestar interesse na conclusão e entrega das unidades habitacionais.

§ 1º No caso de não atendimento à notificação a que se refere o caput deste artigo, caberá ao Ministério do Desenvolvimento Regional a adoção dos procedimentos necessários para inscrição das instituições ou agentes financeiros inadimplentes na dívida ativa da União.

§ 2º No caso previsto no inciso II do caput deste artigo, as instituições ou agentes financeiros poderão apresentar:

I - manifestação de interesse na conclusão e entrega das unidades habitacionais, dentro do valor originalmente previsto, sem custos adicionais para a União; ou

II - manifestação de interesse do Estado ou do Município, a ser firmada em conjunto com a instituição ou agente financeiro, na conclusão e entrega das unidades habitacionais com recursos provenientes do Estado ou do Município, vedada a liberação de recursos da União.

§ 3º Para cumprimento do disposto no § 2º deste artigo, as instituições ou agentes financeiros deverão declarar ao Ministério do Desenvolvimento Regional as unidades habitacionais que tenham viabilidade de execução para conclusão e entrega.

§ 4º A manifestação de interesse a que se refere o § 2º deste artigo possibilitará a prorrogação dos compromissos assumidos pelas instituições ou agentes financeiros pelo prazo de até 30 (trinta) meses, contado a partir de 26 de agosto de 2020, para conclusão e entrega das unidades habitacionais.

§ 5º Nos casos enquadrados no inciso I do § 2º deste artigo, a liberação de recursos pela União às instituições ou agentes financeiros fica condicionada à comprovação da conclusão e entrega da unidade habitacional, vedadas quaisquer formas de adiantamento.

§ 6º Nos casos enquadrados no inciso II do § 2º deste artigo, no período de vigência dos compromissos, fica suspensa a exigibilidade do crédito das instituições ou agentes financeiros constituído em decorrência do disposto nos incisos VI e VII do parágrafo único do art. 7º desta Lei.

§ 7º O adimplemento do compromisso decorrente da manifestação a que se refere o inciso II do caput deste artigo pelas instituições ou agentes financeiros implica a extinção da obrigação.

§ 8º O descumprimento do prazo-limite estabelecido no § 4º deste artigo implicará a aplicação do disposto nos incisos VI e VII do parágrafo único do art. 7º desta Lei.”

Art. 22. (VETADO).

Art. 23. A Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 12. A aprovação municipal da Reurb corresponde à aprovação urbanística do projeto de regularização fundiária e, na hipótese de o Município ter órgão ambiental capacitado, à aprovação ambiental.

.....................................................................................................................................” (NR)

“Art. 23. .........................................................................................................................

§ 1º ................................................................................................................................

I - o beneficiário não seja concessionário, foreiro ou proprietário exclusivo de imóvel urbano ou rural;

.....................................................................................................................................” (NR)

“Art. 33. .......................................................................................................................

§ 1º ..............................................................................................................................

I - na Reurb-S, caberá ao Município ou ao Distrito Federal a responsabilidade de elaborar e custear o projeto de regularização fundiária e a implantação da infraestrutura essencial, quando necessária;

a) (revogada);

b) (revogada);

..............................................................................................................................................

§ 2º Na Reurb-S, fica facultado aos legitimados promover, a suas expensas, os projetos e os demais documentos técnicos necessários à regularização de seu imóvel, inclusive as obras de infraestrutura essencial nos termos do § 1º do art. 36 desta Lei.” (NR)

“Art. 54. ........................................................................................................................

Parágrafo único. As unidades não edificadas que tenham sido comercializadas a qualquer título terão suas matrículas abertas em nome do adquirente, conforme procedimento previsto nos arts. 84 e 98 desta Lei.” (NR)

“Art. 76. .......................................................................................................................

.............................................................................................................................................

§ 9º Fica criado o fundo para a implementação e custeio do SREI, que será gerido pelo ONR e subvencionado pelas unidades do serviço de registro de imóveis dos Estados e do Distrito Federal referidas no § 5º deste artigo.

§ 10. Caberá ao agente regulador do ONR disciplinar a instituição da receita do fundo para a implementação e o custeio do registro eletrônico de imóveis, estabelecer as cotas de participação das unidades de registro de imóveis do País, fiscalizar o recolhimento e supervisionar a aplicação dos recursos e as despesas do gestor, sem prejuízo da fiscalização ordinária e própria como for prevista nos estatutos.” (NR)

Art. 24. A Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, passa a vigorar com as seguintes alterações:

Art. 2º-A. Considera-se empreendedor, para fins de parcelamento do solo urbano, o responsável pela implantação do parcelamento, o qual, além daqueles indicados em regulamento, poderá ser:

a) o proprietário do imóvel a ser parcelado;

b) o compromissário comprador, cessionário ou promitente cessionário, ou o foreiro, desde que o proprietário expresse sua anuência em relação ao empreendimento e sub-rogue-se nas obrigações do compromissário comprador, cessionário ou promitente cessionário, ou do foreiro, em caso de extinção do contrato;

c) o ente da administração pública direta ou indireta habilitado a promover a desapropriação com a finalidade de implantação de parcelamento habitacional ou de realização de regularização fundiária de interesse social, desde que tenha ocorrido a regular imissão na posse;

d) a pessoa física ou jurídica contratada pelo proprietário do imóvel a ser parcelado ou pelo poder público para executar o parcelamento ou a regularização fundiária, em forma de parceria, sob regime de obrigação solidária, devendo o contrato ser averbado na matrícula do imóvel no competente registro de imóveis;

e) a cooperativa habitacional ou associação de moradores, quando autorizada pelo titular do domínio, ou associação de proprietários ou compradores que assuma a responsabilidade pela implantação do parcelamento.”

“Art. 18. ......................................................................................................................

............................................................................................................................................

V - cópia do ato de aprovação do loteamento e comprovante do termo de verificação, pelo Município ou pelo Distrito Federal, da execução das obras exigidas pela legislação municipal, que incluirão, no mínimo, a execução das vias de circulação do loteamento, demarcação dos lotes, quadras e logradouros e das obras de escoamento das águas pluviais ou da aprovação de um cronograma, com a duração máxima de 4 (quatro) anos, prorrogáveis por mais 4 (quatro) anos, acompanhado de competente instrumento de garantia para a execução das obras;

....................................................................................................................................” (NR)

Art. 25. A partir do dia 26 de agosto de 2020, todas as operações com benefício de natureza habitacional geridas pelo governo federal integrarão o Programa Casa Verde e Amarela de que trata esta Lei.

Parágrafo único. As operações iniciadas até a data a que se refere o caput deste artigo, bem como os contratos que venham a ser assinados com pessoas físicas ou jurídicas em decorrência dessas operações, continuam a submeter-se às regras da Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, ressalvadas as medidas que retroajam em seu benefício.

Art. 26. Revogam-se:

I - a Lei nº 13.439, de 27 de abril de 2017;

II - as alíneas “a” e “b” do inciso I do § 1º (antigo parágrafo único) do art. 33 da Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017.

Art. 27. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 

Brasília,  12  de janeiro de 2021; 200o da Independência e 133o da República. 

JAIR MESSIAS BOLSONARO
Paulo Guedes
Rogério Marinho

Este texto não substitui o publicado no DOU de 13.1.2021.